Sabe-se que a mulher já nasce com uma quantidade de folículos ovarianos que por diferentes mecanismos vão à atresia, são consumidos e perdem-se ao longo de toda a sua vida. Esta diminuição é notória, porém os folículos cumprem suas funções hormonais e de fertilidade e quando se esgotam a mulher atinge a menopausa.
Se por algum motivo a quantidade de oócitos é pequena ou o mecanismo de destruição folicular é acelerado, a mulher entra em falência ovariana. Com o advento das técnicas de Reprodução Assistida, estas mulheres, que nos livros tradicionais de ginecologia haviam sido consideradas como um exemplo de esterilidade irreversível, podem, atualmente, levar em seu ventre o filho desejado.
A doação de oócitos consiste em um aporte de um gameta feminino de uma mulher a outra, que o receberá como tal ou como um embrião, depois de ter sido submetida a uma técnica de fertilização assistida. Isto pode ser conseguido a partir da coordenação de múltiplos procedimentos médicos e técnicos complexos os quais dispomos a partir de importantes avanços alcançados em matéria de manejo da infertilidade.
RECEPTORAS
As pacientes com indicação de ovo-doação pertencem as categorias:
:: Mulher com função gonadal.
:: Mulher sem função gonadal.
:: Falência ovariana prematura (FOP) (Yen e Jaffe, 1993): amenorréia hipergonadotrófica antes dos 35 anos para algumas e antes dos 40 anos para outras.
:: Falência ovariana secundária à iatrogenia: cirurgia ovariana, radiação ou química (castração ou quimioterapia sistêmica).
:: Síndrome do ovário resistente.
:: Mulher com idade reprodutiva avançada, más respondedoras.
:: Antecedentes de anomalias genéticas maternas transmissíveis (Rosenwaks, 1987).
:: Mulheres menopausadas (Remohi e cols., 1996), na perimenopausa ou acima de 40 anos (Sauer, Paulson e Lobo, 1993; Sauer e cols., 1994).
:: Falha repetida com técnicas de reprodução assistida (Burton e cols., 1993).
:: Falha de fertilização, ICSI.
:: Más respondedoras (Remohi, Vidal e Pellicer, 1993, Sung e cols., 1997; Ben Nun e Shulman, 1997; Bergh e Navot, 1992).
:: Abortadoras habituais (Remohi. E cols., 1996).
IDADE
As tendências psicossociais das últimas décadas fizeram com que as mulheres adiassem a maternidade.
Já não é mais motivo de controvérsias o fato de que depois de 35 anos de idade observa-se uma notável diminuição das taxas de gravidez e índices de nascido vivos, tanto em mulheres férteis como nas inférteis. Ainda não há um consenso da causa de tal situação, sendo atribuída à diminuição da capacidade fértil.
Para o êxito das técnicas de reprodução assistida é necessário a correta preparação da doadora, da receptora e, fundamentalmente, a coordenação entre a disponibilidade de oócitos de boa qualidade e um endométrio com a maturação adequada para permitir a nidação embrionária.
Com o avanço da idade feminina, segundo autores, o envelhecimento do útero (e de seu revestimento) ou o dos oócitos (bergh e Navot, 1992; Balmaceda e cols., 1994; Stolwijk e cols., 1997) impactam a qualidade oocitária.
DOADORAS
Seleção das Doadoras
:: A seleção de doadoras de oócitos é de suma importância para os futuros pais e a criança.
AS DOADORAS DEVEM:
:: ser mulheres em idade fértil, entre 18 e 35 anos, preferentemente com antecedentes de fertilidade prévia.
:: ser saudáveis, com avaliação médica e psicológica.
:: ser avaliadas quanto a doenças sexualmente transmissíveis, com sorologia negativa para HIV.
:: não apresentar antecedentes de desordens do tipo genético e, quando possível, ter cariótipo normal confirmado.
ASPECTOS LEGAIS NA OVODOAÇÃO
:: A doadora e o casal receptor devem assinar um consentimento.
:: De acordo com a legislação e regulamentação, a mulher que dá à luz é considerada a mãe legal.
:: As doadoras podem ser anônimas ou conhecidas da receptora. A maioria dos comitês de ética de inúmeros países recomenda o anonimato da doadora.
RESULTADOS CLÍNICOS
A ovo-doação é um tratamento que tem mostrado resultados altamente satisfatórios no tratamento de casais inférteis e, inclusive, com maiores taxas de sucesso que a concepção natural.
O total de gestações clínicas com o uso de oócitos doados varia de centro para centro, sendo que as taxas publicadas encontram-se entre 25% e 60%.